quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pesquisa feita em 123 países identifica os ingredientes para a felicidade


Satisfação de necessidades como alimentação e moradia esta em primeiro lugar.
Convívio social e segurança são outros fatores considerados fundamentais.


Dorothy e Totó, Amélie Poulain, Dr. House e todo o resto da humanidade, incluindo personagens fictícios e gente de carne e osso, têm em comum a busca obstinada pela felicidade. Seja atrás do arco-íris, nas ruas de Paris ou no hábito reprovável de infernizar a vida alheia, estão sempre procurando os ingredientes de um produto subjetivo e impossível de achar nas prateleiras. Os psicólogos também se interessam pela fórmula e há décadas investigam a combinação certa dos elementos. Na década de 1940, o cientista americano Abraham Maslow propôs uma pirâmide de necessidades que, pela ordem hierárquica, significariam o bem-estar da população em geral. Agora, a Universidade de Illinois resolveu checar se ele estava certo. E saiu pelo mundo atrás da receita.

Em parceria com o instituto de pesquisas Gallup, os psicólogos elaboraram perguntas sobre o preenchimento das necessidades básicas humanas, os fatores que desencadeiam sentimentos positivos, como o riso, e aqueles cuja falta levam a sentimentos negativos, como o desrespeito. Quase 61 mil pessoas de 123 países, incluindo o Brasil, responderam às questões. De acordo com os pesquisadores, a amostra representa 95% da população do planeta, pois investigou indivíduos de todos os continentes, moradores de áreas urbanas e rurais. Com poucas variações culturais, os psicólogos descobriram que é possível identificar os ingredientes universais da felicidade.

Além da pirâmide de Maslow, Louis Tay e Ed Diener basearam-se em teorias de outros cientistas sociais e construíram uma metodologia própria. Eles pesquisaram a importância do preenchimento de necessidades básicas, como alimentação e moradia, e de fatores subjetivos do bem-estar, como estima e respeito, sob três pontos de vista. Primeiro, pediram que os participantes do estudo escolhessem, pela ordem hierárquica, quais os elementos que mais pesavam na hora de avaliar suas vidas. Depois, perguntaram a importância de cada um deles na geração de sentimentos positivos ou negativos.

“Procuramos examinar a associação de seis elementos sob cada uma dessas três perspectivas, com o objetivo de responder a várias questões”, diz Tay (leia entrevista). Os cientistas queriam saber, entre outras coisas, se o bem-estar geral estava associado ao preenchimento de todas as necessidades básicas e quais os fatores considerados mais importantes pela população.

Quando questionados sobre os principais ingredientes da felicidade na avaliação geral de suas vidas, os participantes do estudo elegeram a seguinte ordem: necessidades básicas, relacionamentos sociais, domínio (fazer alguma coisa melhor do que outros), autonomia, respeito e segurança. Mesmo em penúltimo lugar, o respeito é um fator importante. Perguntados sobre qual desses elementos haviam despertado sentimentos positivos, como riso, ou negativos, como tristeza, nos últimos dias, os respondentes apontaram o respeito — ou a falta dele — nos dois casos.


Alegria brasileira

Segundo Tay, entre 123 países, o Brasil ficou no 32º lugar no ranking, considerando a importância atribuída aos seis elementos avaliados. A nação saiu-se bem quanto à satisfação dos sentimentos positivos: 14º. Já a falta de estima, segurança, respeito, relacionamentos e domínio não parecem afetar tanto os brasileiros, pois o país alcançou a 89ª posição quando os participantes tiveram de apontar o quanto essas questões interferiam em suas vidas de forma negativa. Para 70% da população nacional, as necessidades básicas são preenchidas, o que deixou o país em 59º lugar nesse quesito. Mas os brasileiros estão se sentindo inseguros. “Trinta e cinco por cento disseram que estão satisfeitos quanto à segurança, colocando o Brasil na 109ª posição”, conta o psicólogo de Illinos.

De acordo com o cientista social Ed Diener, que também assina o artigo, na avaliação universal, quanto maior a satisfação dos elementos da base da pirâmide, considerados os mais importantes, mais o indivíduo é feliz. Além disso, o preenchimento do maior número possível de variáveis associadas às necessidades básicas — dinheiro, comida e moradia por exemplo — está relacionado a um nível maior de sentimentos positivos. Mas ele alerta que ter algo em demasia não significa ser feliz.

Mesmo que alguém tenha um salário milionário ou seja bastante respeitado, se os outros ingredientes estiverem fora da receita, o bolo vai desmoronar. “Como vitaminas, cada um dos elementos é necessário de forma independente. Ter uma quantidade excessiva de determinada vitamina não tira a necessidade de o organismo ser suprido por outras. Todos os elementos devem contribuir para o bem-estar. Só porque alguém, por exemplo, tem acesso a muita comida e segurança, isso não supre a importância do convívio social”, esclarece, lembrando que Maslow já fazia essa comparação entre as vitaminas e os fatores importantes para a felicidade.

Os psicólogos Ronald Fischer e Diana Boer, da Universidade de Wellington, na Nova Zelândia, acreditam que a autonomia é um dos ingrediente mais expressivos na receita de uma sociedade feliz. Em uma análise dos dados de 420.599 pessoas provenientes de 63 países, eles investigaram se o dinheiro era mais importante que a liberdade individual para o bem-estar geral. A resposta é não. “O dinheiro pode levar à autonomia, mas não acrescenta bem-estar ou felicidade a ninguém. No nosso artigo, nos concentramos em três estudos, com números de quatro bancos de dados, e descobrimos que os valores sociais é que predizem o bem-estar”, diz Boer. “Fornecer mais liberdade às pessoas parece ser uma importante questão na redução de sintomas psicológicos como ansiedade e depressão, e isso está intimamente ligado ao conceito de felicidade”, acredita a cientista.

Por Paloma Oliveto

Fonte : http://www.educacaofisica.com.br

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